CRÔNICAS DA VIDA ACADÊMICA: Um time de verdade


É terça-feira. Ainda não são 7 horas e o aroma do café já exala da cozinha e, aos poucos, ocupa cada sala do prédio da administração do Câmpus da UNEMAT de Nova Xavantina. Uma cidade do interior que representa muito bem os objetivos e a missão da Universidade do Estado de Mato Grosso: levar ensino superior de qualidade para todas as pessoas, reescrevendo a história do Estado a partir da interiorização do acesso à educação.
É terça-feira e como as outras terças-feiras esta também é especial. É o dia do jogo de futsal da equipe do Bacaba Futebol Clube - BFC. Esse nome é alusivo ao Parque Municipal, com mais de 450 hectares, que divisa com o Câmpus e é comum vermos animais silvestres (veados, quatis, cotias, antas, jacus, tatus, tucanos, jiboias, raposas, lobo-guará – este é o mascote do clube-) caminhando no pátio, por entre a salas, que são rodeadas de jardins e ipês floridos. Um presente para quem escolhe pertencer ao Câmpus de Nova Xavantina, cidade onde o Rio das Mortes serpenteia e a divide ao meio, seguindo abaixo em direção ao Araguaia. E esse “Clube” – o BFC - é uma agremiação atlética que, de fato, é um grande grupo de amigos, colegas de trabalho, conhecidos, parentes, desconhecidos convidados por amigos do amigo do convidado, que tem um ou dois encontros semanais, quase que religiosamente, para jogarem futebol.
Eu falava do aroma do café. Pois é justamente na cozinha, entre o burburinho das várias conversas e o aroma do café, que começam os preparativos para o jogo de logo mais à noite. Digo preparativos, mas na verdade, são tentativas de estimular (convencer mesmo) o maior número de jogadores a participarem do jogo. Já que quase sempre os “atletas” ou estão com problemas médicos (contusões, torções, fraturas de costelas e dedos das mãos ou dos pés, estiramentos, deslocamentos de bacia e outros tantos – a lista é enorme) ou estão proibidos pela equipe técnica (leia-se esposas). Apesar de tantas dificuldades e limitações de ordens médicas e técnicas o Bacaba Futebol Clube sempre participa de torneios municipais e dos Inter semestres do Câmpus. Possui até uma galeria de troféus e medalhas. Tá certo. Não é bem uma galeria, mas estão expostos na sala da diretoria administrativa, em cima do arquivo, num canto, sempre ao alcance do olhar de quem passa por ali.
Mas não falaremos aqui das proezas ou habilidades futebolísticas dos nossos atletas. Sabemos que são muitas e devem render boas histórias e algumas polêmicas, já que eu mesmo ouvi compararem o BFC com o Ibis Futebol Clube (referência de boleiro). Comparação injusta e não considera o “futebol maroto” do “Peixe” ou a determinação e ímpetos do “Pantaleão” e do “Tarsi (com S)”, que sempre mudam as regras e gastam o tempo reclamando das jogadas. Isso sem falar nas mais variadas firulas e dribles, chutes fortes e colocados, gols de letra e também de placa (Informações extraídas de relatos matinais de quarta-feira pós jogo - dizem que é verdade-).
Mas deixemos o placar de lado e falemos sobre os significados dos momentos que compartilhamos durante o nosso café com a família, com os amigos e colegas de trabalho e de como eles são importantes para a socialização e a convivência harmoniosa entre todos (dia desses um professor comentava que o momento de socialização durante o café no trabalho deveria ser estimulado e, até quem sabe, usado como avaliação no COPAD...boa ideia heim?); e falemos também do significado do companheirismo, da confiança e do comprometimento que fazem um time de futebol e uma equipe de trabalho obterem êxito nos jogos e nas tarefas do cotidiano (observem o jogo de cintura que cada um tem no dia-a-dia para executar suas tarefas, driblando as dificuldades e a escassez de recursos, atacando os problemas com criatividade e raça, demonstrando fair play no trato com os outros à sua volta.
Aprendamos com o Bacaba Futebol Clube - BFC e com os momentos que compartilhamos juntos enquanto saboreamos o café da Selmi na cozinha da UNEMAT em Nova Xavantina, “longe de Dublin” e a 650 km de Cuiabá. Sou testemunha desse companheirismo e desse acolhimento que o BFC representa, pois logo que cheguei fui adicionado ao “grupo fechado” do Bacaba Futebol Clube no WhatsApp e também convidado para jogar nas terças, no Ginásio de Esportes Fredericão e, nas quintas, na escola JK. Ainda não fui a nenhum dos jogos, mas já comprei chuteira, meião e caneleira e, em breve, teremos a tão esperada estreia do RB9, meu novo apelido.
Se encontrarmos uma equação que nos aproxime dessa harmonia dos nossos cafés juntos, onde convivemos uns com os outros e da disciplina, respeito, companheirismo e determinação de uma equipe de futebol, como a nossa aqui do Câmpus, como o Bacaba Futebol Clube, então estaremos cada vez mais próximos do sucesso pessoal e profissional. Nós, aqui no Câmpus da UNEMAT em Nova Xavantina esperamos vocês para estudar, trabalhar e tomar um café conosco. E o que acham de um futebol às terças e quintas?

Por Rubens José Bedin – Professor e Assessor de Cultura do Câmpus de Nova Xavantina